sexta-feira, maio 12, 2006

Quase 150 euros mensais

É quanto custam os serviços públicos de merda que este país finge oferecer a quem passa recibos verdes. Das reformas já nem falo, porque a minha é só miragem.

Colectei-me como trabalhadora independente em Novembro de 2004. Tenho, portanto, direito a 12 meses de isenção de descontos para a Segurança Social. Até Novembro de 2005. Acontece que, em Dezembro desse ano ano, passei um recibo que me fez ultrapassar por poucos euros o limite de 6 salários mínimos, segundo a folha de IRS. Acontece que a folha de IRS apresenta os meus rendimentos do ano de 2005, incluindo os 11 meses que a isenção ainda abrangia. Dezembro deveria ser considerado pela Segurança Social como pertencente a um ano independente, mas não é. Ao apresentar a minha folha de IRS, a dita instituição de acção social da treta considera que ultrapassei o limite e obriga-me a começar a pagar imediatamente a contribuição mínima.

Ou seja, a partir de Dezembro de 2005, tenho que descontar obrigatoriamente pouco menos de 150 euros mensais. É certo que, uma vez que o trabalho aparece esporadicamente, com remunerações variáveis, os meus rendimentos são baixíssimos e esta quantia é uma exurbitância, mesmo à consideração da SS. Deveria então ter pedido a redução da mesma até Abril de 2006, mas não o fiz por desconhecimento de causa. Agora, mesmo que tivesse pedido a redução, esta só entraria em vigor a partir de Setembro de 2006, ou seja, eu teria que descontar o valor referente aos meses compreendidos entre Dezembro de 2005 e Agosto de 2006, o que equivale à módica quantia de cerca de 1350 euros. Tendo em conta que, desde Dezembro até à data de hoje, passei um total de recibos que atingem os 2250 euros, se tiver a infelicidade de não ser chamada para nenhum trabalho até lá, sobram-me 900. A minha conta bancária tem, neste preciso momento, menos de 600. Sou estudante, mas não estou no ensino oficial até Setembro, tenho algumas despesas básicas de deslocação e alimentação e ainda tenho que ajudar com as despesas fixas da casa, pois os 500 e poucos euros da minha mãe já não chegam para sustentar três pessoas. O único serviço dispensável neste momento aqui em casa é a Cabovisão, que inclui televisão e internet, e custa cerca de 55 euros mensais.

De qualquer forma, não requisitei a redução a tempo, o que significa que, pelo menos até 2007, terei que pagar mais de 1900 euros.

Se eu tivesse recusado trabalho e não tivesse passado o recibo do mês de Dezembro, não estaria agora a enfrentar esta situação, pois o meu IRS referente a 2005 não excederia os 6 salários mínimos e eu estaria isenta mais um ano.

Ou seja, o sistema de trabalho actual beneficia:
1. Membros do Governo (basta analisar as quantias das reformas atribuídas por meia dúzia de anos de trabalho);
2. Desempregados a receber o subsídio de desemprego;
3. Reclusos.

Tudo o resto é escumalha. E trabalha para pagar impostos e para tentar subsistir com o mínimo indispensável, sem qualidade de vida.