domingo, outubro 23, 2005

Não me peças

Não me peças para olhar para dentro quando eu quiser olhar para fora.
Não me peças para seguir o coração quando eu quiser seguir a ponta do nariz.
Não me peças para falar quando eu quiser estar calada.
Não me peças para ficar quando eu quiser ir embora.
Não me peças para voltar quando eu estiver demasiado longe.
Não me peças.

segunda-feira, outubro 10, 2005

A Portugal

Querido País,

Temos que te pedir perdão. Sabemos que te atingimos todos os dias no ponto mais delicado do teu coração. Desta vez a ferida foi profunda...

Não, não é por mal. É por ignorância. E talvez por não acreditarmos que podemos mudar sem medo.

Sabemos como te humilhámos aos olhos do mundo nestas eleições autárquicas. Votámos nos que menos querem saber de ti, nos que te roubam (e a nós também...), nos que não cumprem as tuas leis. Não sei se o fizemos por os considerarmos heróis - porque qualquer herói tem um pouco de mafioso -, se por acreditarmos durante uma semana que os presentes que nos dão não nos custam nada, não sei... Não votámos naqueles que talvez tenham algo melhor para te dar, porque achamos sempre que nunca vão ter hipótese de ganhar - e é por isso mesmo que nunca ganham...

Ainda não estamos totalmente arrependidos. Mas a experiência diz-nos que a festa terminou e o período cinzento começou. Nós, portugueses, sabemos isso. Mas continuamos a não querer saber quando nos cabe a missão de escolher.

Perdoa-nos, Portugal!


Os teus portugueses