Orgulho nacional
Mais uma pérola para alimentar o nosso orgulho em ser português.
Em Portugal os serviços académicos são literalmente uma merda. Quando misturamos a desorganização natural destes serviços com a falta de educação dos representantes dos mesmos, torna-se vergonhoso.
Inscrevi-me para as audições de uma orquestra de jovens de toda a Europa, a Orquestra de Jovens Gustav Mahler. As provas em Portugal são em Lisboa, no Piaget de Almada e era para lá que tínhamos que enviar a inscrição. Como a informação sobre a orquestra me chegou tardiamente, enviei a inscrição em cima da data limite, sabendo que ia chegar com um dia de atraso. Deveria receber em casa os excertos orquestrais a apresentar na prova poucos dias depois, se a inscrição fosse a tempo. Por via das dúvidas, enviei um mail para o e-mail português indicado no site a expor a situação - o facto de ter enviado a inscrição em cima da hora - e a perguntar como é que eu saberia se a inscrição não fosse aceite. Passou-se uma semana e meia e, sem obter resposta de parte nenhuma, decidi que não ia continuar a preparar-me para a prova. Milagrosamente, duas semanas depois, recebi os excertos em casa. Por esta altura já não tinha tempo de me preparar como devia ser e não valia a pena fazer a viagem até Lisboa. Tentei ligar várias vezes para o Piaget de Almada e contactar a pessoa responsável pelo Secretariado das Inscrições para a OJGM, sem sequer saber qual o seu nome. Em vão, nunca estava ninguém no gabinete ou o telefone estava sempre ocupado.
Na sexta-feira passada, recebo uma carta a convocar-me para a prova no dia 23 de Novembro, às 10h. Além das indicações normais de horário e local da prova, uma das alíneas continha a seguinte informação "Até dia 21.11.2005 (inclusive) deve confirmar a sua presença, pelo que, caso não compareça sem aviso prévio não poderá concorrer em audições futuras para a mesma orquestra." Ora, no meu português, isto até significava que eu nem precisava de dizer nada, porque se não confirmasse a presença, já ninguém contava comigo e para o ano podia voltar a concorrer. Acontece que eu já sei como são estas coisas e decidi ligar para lá. Só hoje consegui finalmente falar com a senhora Rosa Maria Batista e faço questão de citar a conversa.
- Sim?
- Bom dia, estou a falar com Rosa Maria Batista?
- Sim.
- O meu nome é Sofia Ferreira, eu estou inscrita para as audições, mas gostaria de anular a inscrição.
- Tá bem.
- Posso voltar a concorrer para o ano?
- Não. Não foi você que pediu para ser no dia 23?
- Não, eu não pedi nada, mas a minha prova está marcada para dia 23, às 10 horas. Na carta diz que "caso não compareça sem aviso prévio não poderá concorrer em audições futuras".
- Mas eu acho que depois da orquestra receber a inscrição lá já não pode desistir.
- Desculpe lá, mas na carta que recebi diz que só não posso concorrer se desistir SEM AVISO PRÉVIO!
- Está bem, está bem, pode, pode. Boa noite... bom dia!
- Bom dia.
(desligo o telefone)
- Estúpida de merda! Malcriada!
Claro que eu não ia ficar mal. Liguei para Viena e um senhor ultra simpático e bem educado, com toda a paciência do mundo para perceber o meu inglês menos bom, disse-me que podia voltar a concorrer caso avisasse agora, fez questão de verificar se o meu nome estava lá para tentar tirá-lo da lista (mas não estava, só mesmo em Lisboa), disse-me com a maior descontracção possível que nada me impedia de voltar a concorrer e se tivesse problemas em Lisboa, poderia sempre fazer a prova noutra cidade.
Há países que evoluem, outros que não. Esta é uma das razões.
Em Portugal os serviços académicos são literalmente uma merda. Quando misturamos a desorganização natural destes serviços com a falta de educação dos representantes dos mesmos, torna-se vergonhoso.
Inscrevi-me para as audições de uma orquestra de jovens de toda a Europa, a Orquestra de Jovens Gustav Mahler. As provas em Portugal são em Lisboa, no Piaget de Almada e era para lá que tínhamos que enviar a inscrição. Como a informação sobre a orquestra me chegou tardiamente, enviei a inscrição em cima da data limite, sabendo que ia chegar com um dia de atraso. Deveria receber em casa os excertos orquestrais a apresentar na prova poucos dias depois, se a inscrição fosse a tempo. Por via das dúvidas, enviei um mail para o e-mail português indicado no site a expor a situação - o facto de ter enviado a inscrição em cima da hora - e a perguntar como é que eu saberia se a inscrição não fosse aceite. Passou-se uma semana e meia e, sem obter resposta de parte nenhuma, decidi que não ia continuar a preparar-me para a prova. Milagrosamente, duas semanas depois, recebi os excertos em casa. Por esta altura já não tinha tempo de me preparar como devia ser e não valia a pena fazer a viagem até Lisboa. Tentei ligar várias vezes para o Piaget de Almada e contactar a pessoa responsável pelo Secretariado das Inscrições para a OJGM, sem sequer saber qual o seu nome. Em vão, nunca estava ninguém no gabinete ou o telefone estava sempre ocupado.
Na sexta-feira passada, recebo uma carta a convocar-me para a prova no dia 23 de Novembro, às 10h. Além das indicações normais de horário e local da prova, uma das alíneas continha a seguinte informação "Até dia 21.11.2005 (inclusive) deve confirmar a sua presença, pelo que, caso não compareça sem aviso prévio não poderá concorrer em audições futuras para a mesma orquestra." Ora, no meu português, isto até significava que eu nem precisava de dizer nada, porque se não confirmasse a presença, já ninguém contava comigo e para o ano podia voltar a concorrer. Acontece que eu já sei como são estas coisas e decidi ligar para lá. Só hoje consegui finalmente falar com a senhora Rosa Maria Batista e faço questão de citar a conversa.
- Sim?
- Bom dia, estou a falar com Rosa Maria Batista?
- Sim.
- O meu nome é Sofia Ferreira, eu estou inscrita para as audições, mas gostaria de anular a inscrição.
- Tá bem.
- Posso voltar a concorrer para o ano?
- Não. Não foi você que pediu para ser no dia 23?
- Não, eu não pedi nada, mas a minha prova está marcada para dia 23, às 10 horas. Na carta diz que "caso não compareça sem aviso prévio não poderá concorrer em audições futuras".
- Mas eu acho que depois da orquestra receber a inscrição lá já não pode desistir.
- Desculpe lá, mas na carta que recebi diz que só não posso concorrer se desistir SEM AVISO PRÉVIO!
- Está bem, está bem, pode, pode. Boa noite... bom dia!
- Bom dia.
(desligo o telefone)
- Estúpida de merda! Malcriada!
Claro que eu não ia ficar mal. Liguei para Viena e um senhor ultra simpático e bem educado, com toda a paciência do mundo para perceber o meu inglês menos bom, disse-me que podia voltar a concorrer caso avisasse agora, fez questão de verificar se o meu nome estava lá para tentar tirá-lo da lista (mas não estava, só mesmo em Lisboa), disse-me com a maior descontracção possível que nada me impedia de voltar a concorrer e se tivesse problemas em Lisboa, poderia sempre fazer a prova noutra cidade.
Há países que evoluem, outros que não. Esta é uma das razões.
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